Campinas, SP, 26 (AFI) - Não bastasse a má fase
vivida dentro de campo, o Guarani volta conviver com
os problemas na Justiça. Nesta sexta-feira, mais uma vez implodiu uma bomba no
Estádio Brinco de Ouro: a casa do Bugre irá a leilão, no próximo dia 06 de
dezembro, na Sala de Leilões do Fórum Trabalhista de Campinas, pelo
descumprimento da de um acordo com a Justiça do Trabalho pela atual gestão de
Marcelo Mingone.
Conforme o despacho da 1ª Vara do Trabalho de
Campinas, o Brinco de Ouro será leiloado para quitar todos os processos
trabalhistas contra o Bugre, que estão em fase de execução. Ainda segundo o
documento, o estádio estava avaliado em
R$ 210 milhões, em 2009, o que significa que não poderá ser arrematado por
valor inferior a este. O time campineiro ainda pode recorrer da decisão.
O documento divulgado no site do Tribunal Regional
do Trabalho de Campinas (TRT-Campinas) traz o ex-lateral-esquerdo Gustavo Nery
como reclamante do processo. Entretanto, o advogado do ex-jogador, Leandro
Laporta Costa, explicou que todos os processos em execução foram unificados no
processo de seu cliente.
“Houve uma unificação das ações em execução contra
o Guarani neste processo do Gustavo Nery. Isso quer dizer que todos os
processos trabalhistas em fase de execução estão anexados neste processo. São
processos de todos o passivo trabalhista do clube, independente de ser jogador
ou funcionário”, explicou Laporta.
O preço da
“brincadeira”
Ainda não se sabe o montante das ações que estão em execução, já que o processo
traz apenas os valores do crédito de Gustavo Nery. Segundo o documento
divulgado pelo TRT, o valor cobrado pelo ex-lateral Gustavo Nery é de R$ 900
mil. No entanto, por conta dos descumprimentos, o valor já chega a R$ 1,5
milhão.
Laporta explicou que o Guarani chegou a fazer um
acordo com o TRT “para declarar todos os débitos e propor uma forma de
pagamentos igualitária aos credores. O problema é que não cumpriram”. “Somente
uns quatro ou cinco processos com valores maiores não foram unificados e serão
tratados isoladamente”, explicou, confirmando que o timedeveria depositar em juízo parcelas entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.
No caso específico de Gustavo Nery, Laporta disse
que havia feito um acordo durante a gestão de Leonel Martins de Oliveira, que
também não foi paga. Foi realizado um novo acordo, porém, o presidente biônico
Marcelo Mingone “decretou uma moratória” e passou a ignorar as dívidas das
administrações anteriores.
“No primeiro acordo, parcelamos em dez vezes, mas
não foi cumprido. Eu repactuei o acordo em mais 24 parcelas. Então, o Guarani
pagou quatro ou cinco delas e parou de pagar novamente”, explicou.
A assessoria alviverde afirmou que Mingone deve se
pronunciar sobre o caso, na próxima
semana, em entrevista coletiva. A explicações tardias são, no mínimo estranhas.
Isso porque a confirmação do leilão aconteceu, no dia 28 de setembro, e até
hoje não havia sido comunicada pelo clube.
“Moratória” pode
custar caro
Ao ignorar as dívidas anteriores do Bugre, Mingone pode fazer o clube pagar
caro na Justiça. Prova disso, é que recentemente, o time viu sua dívida com o
meia argentino Liberman aumentar em 10% por dar revelia, ou seja, faltou ao
julgamento. A partir de então, a dívida passou a ser de aproximadamente R$ 1,8
milhão.
A atitude de Mingone também afeta diretamente
alguns funcionários e jogadores que ainda estão no Bugre. Isso porque o clube
simplesmente ainda não pagou os cerca de cinco meses de salários atrasados de
2011, resultados da desastrosa administração de Leonel Martins de Oliveira.
E o futuro?
Não bastasse isso, o Guarani ainda segue sem perspectivas de melhoras. Sem o acesso
na Série B, o time não terá direito às cotas milionárias que a Rede Globo paga
aos integrantes do Brasileirão. Hoje, o piso pago aos clubes da elite gira em
torno de R$ 20 milhões anuais.
Além disso, o time deve receber algo em torno de R$
200 mil das cotas do Paulistão 2013. A Federação Paulista de Futebol (FPF) pagará R$ 2,165 milhões aos
clubes médios e pequenos. O problema é que comenta-se que Mingone já adiantou
R$ 1,5 milhão. Sobraria então cerca de R$ 600 mil.
A FPF, entretanto, desconta ainda outros R$ 400
mil, referentes a alguns gastos, como direitos de arena, taxas de arbitragens,
bolas, inscrições e transferências de jogadores, entre outros.