quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Fantasma das drogas atinge 91% dos municípios de Minas


Fonte: Rádio Itatiaia/Hoje em Dia
  Se combater o uso de drogas não é tarefa fácil para a capital mineira, é um verdadeiro desafio para as cidades do interior do Estado. Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Minas Gerais, 734 municípios - 91% dos 805 pesquisados - enfrentam problemas com circulação de entorpecentes em seu território. O crack está presente em 555 cidades, ou 69%, tornando Minas o Estado campeão no uso desse entorpecente, seguido por São Paulo, onde o problema ocorre em 486 cidades. Dos 853 municípios mineiros, 805 responderam ao questionário da pesquisa, divulgada neste semestre.

Enquanto as drogas se espalham nas cidades mineiras, apenas 43,6% dos municípios pesquisados disseram possuir programas de enfrentamento do crack e 20,3% possuem Conselhos Municipais Antidrogas (Comad). Os dois programas considerados essenciais no combate aos entorpecentes, o Centro de Assistência Psicossocial (Caps) e o Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), estão presentes em 6,8% e 10,8% das cidades, respectivamente. Para o presidente da Organização Não Governamental (ONG) SOS Drogas, Robert William, os municípios têm que criar o Comad.

"O conselho precisa existir e ser operante para fazer as políticas antidrogas e articular as ações com toda a rede estadual", afirma. São inúmeras as famílias do interior do Estado que procuram a ONG pedindo ajuda porque não conseguem auxílio das prefeituras. É o caso da aposentada Conceição Gomes, 73, de São João Evangelista, no Vale do Rio Doce, que convive há 30 anos com um filho viciado em crack. "Nunca tive ajuda de ninguém na cidade. Gastei todo o meu dinheiro pagando clínicas para ele. Agora, minha filha viu que eu estava sofrendo muito e o levou para São Paulo", desabafa.

Com mais de 200 mil habitantes, Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, tem programas de enfrentamento limitados. Atualmente, a cidade não recebe nenhum recurso específico. Uma mulher grávida usuária de drogas, por exemplo, não terá tratamento especializado e deverá ser atendida pela rede de saúde pública como uma paciente comum. "Faltam recursos para investir em políticas de combate", afirma o secretário de Desenvolvimento Social do município, Paulo Sérgio dos Prazeres. 

DIFICULDADE 

Na avaliação do subsecretário de Política sobre Drogas de Minas, Cloves Benevides, o fenômeno do crack se apresenta como um desafio para os municípios. "Todo o Estado tem necessidade de expansão dos serviços, mas temos um olhar mais estratégico sobre a região metropolitana, que concentra maior parte da população mineira", destaca.

Minas é o Estado que receberá o segundo maior recurso federal até 2014 para enfrentamento ao crack. São R$147 milhões até o próximo ano, perdendo apenas para o Rio de Janeiro, que terá R$ 246 milhões. De acordo com Benevides, o Estado enviará, ainda, um recurso de R$ 48 milhões às cidades mineiras para expansão da rede de atenção psicossocial. O governador Antonio Anastasia afirmou que o combate ao crack será prioridade máxima do Estado no próximo ano. 

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