Nos dias 22 e 23 de março, será realizada a IV Marcha do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas Gerais, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade de Porteirinha. Além da já conhecida passeata, o evento conta com oficinas, palestras, feira e uma noite cultural; tudo isso, baseado em temas para os quais o Coletivo de Mulheres trava lutas e debates há mais de quatro anos: direitos das mulheres, luta pela terra, luta pela água e produção agroecológica.
Para Maria de Lourdes de Souza Nascimento, coordenadora da Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas, entidade organizadora do evento, a IV Marcha tem o objetivo de mostrar a sociedade o que as mulheres produzem na agricultura familiar, além de marchar e reivindicar por seus diretos.
A Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas, foi criada em 2010, com o objetivo de organizar as mulheres das comunidades rurais para que, juntas, pudessem lutar pelos seus direitos, combatendo a violência doméstica, gerando renda e soberania alimentar, contribuindo para que as mulheres ocupem os espaços políticos e sociais que lhe são de direito nas instituições e entidades as quais representam ou possam vir a representar. A Associação é formada por 55 mulheres, das quais 95% são trabalhadoras rurais dos Territórios da Cidadania da Serra Geral e Alto do Rio Pardo e da micro região de Montes Claros.
Antônia Antunes da Silva Reis afirma que a participação nos movimentos contribuiu para que ela tivesse mais autonomia. “ Minha vida mudou totalmente, pois antigamente eu não tinha liberdade nem conhecimento de nada e hoje, depois que comecei a participar dos “movimentos”, conheço meus direitos e tenho uma visão melhor pra entrar e sair de qualquer lugar.
Histórico - A organização da entidade iniciou-se no ano de 2008, com reuniões, encontros e debates sobre a necessidade destas mulheres de ocuparem espaços políticos nas Instituições e Entidades. Desde então, várias atividades foram realizadas e o processo de mobilização e envolvimento deste grupo, juntamente com outros grupos que atuam nas mesmas regiões, culminou na realização da Marcha de Mulheres. De 2010, quando a I Marcha foi realizada em Montes Claros, até 2012, quando foi realizada a III Marcha, no Território da Cidadania do Alto Rio Pardo de Minas, o número de participantes aumentou de 400 para duas mil mulheres. A cada ano o movimento cresce e, com ele, a necessidade de implementar mais atividades, debates e oficinas. Para o ano de 2013, na IV Marcha, o Coletivo espera reunir cerca de três mil mulheres trabalhadoras rurais e urbanas.
Segundo dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, divulgada pelo IBGE em 2006, as mulheres correspondem a quase metade da população rural do Brasil; no entanto, muitas delas não são nem mesmo reconhecidas como agricultoras familiares ou camponesas. A maioria das atividades produtivas realizadas pelas mulheres são consideradas extensão do trabalho doméstico. Como decorrência, houve o não reconhecimento dos seus trabalhos, tanto doméstico e para autoconsumo, quanto daqueles realizados no roçado. Isso gerou, durante centenas de anos, uma negação de autonomia econômica e exclusão política nas decisões sobre a terra e o território. As mulheres da região Norte de Minas Gerais, como na maioria das regiões brasileiras, sofrem violência e discriminação e, mesmo sendo responsáveis por grande parte da renda familiar, não tem o seu trabalho reconhecido. A Marcha das Mulheres é uma das ferramentas que o Coletivo tem para implementar estratégias de articulação, participação e discussão sobre as políticas públicas específicas para as mulheres rurais.
A IV Marcha conta com o apoio da Associação Casa de Ervas Barranco Esperança e Vida (ACEBEV), os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) de Porteirinha, de Rio Pardo de Minas, de Taiobeiras, de Riacho dos Machados, de Espinosa (que se estende a Mamonas), de Matias Cardoso, de de Pai Pedro, de Janaúba, São João do Paraiso, Indaiabira, de Jaíba, de Varzelândia, Bocaiúva, Buritizeiro, Montes Claros, Teófilo Otoni; o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), EMATER, Cooperativa Grande Sertão, COPASA, a Polícia Militar de Minas Gerais, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, a Prefeitura Municipal de Porteirinha e Prefeitura Municipal de Janaúba. (Por Helen Santa Rosa, Valquíria Fonseca e Emanuele Almeida)
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