Por Zana Ferreira
Ao contrário da maioria das cidades, cuja maior
parte da população se encontra na sede urbana do Município, Porteirinha possui
a maioria dos habitantes residindo na zona rural. Com grande parte da população
descentralizada, o ponto de encontro, lazer e comércio se torna o Mercado
Municipal.
Dona Isabel Barbosa Santos e o esposo Alerindo
vendem hortaliças no local há 14 anos, antes mesmo do espaço estar organizado:
“A gente ficava espalhado na rua, colocava lona no chão e vendia nossos
produtos. Depois construíram esse espaço e deram uma banca para cada um. Hoje
vendo quiabo, maxixe, pimentão, mas o meu forte é alface. Trago 250 sacolas na
sexta e vendo tudo no mesmo dia”.
As mercadorias que Isabel e Alerindo comercializam
não usam agrotóxicos, razão pela qual creditam a grande clientela. Em apenas um
dia por semana, eles conseguem dar vazão à produção sem voltar com itens para
casa: “Quando surge um imprevisto e não conseguimos vir, dá uma tristeza. Minha
maior alegria é vir pra cá.”.
Desde abril, a Prefeitura começou trabalho de
recuperação das estradas rurais do município para melhorar o transito dos
moradores e o escoamento da produção das comunidades. A primeira estrada
recuperada foi a que dá acesso ao Serrado, importante atrativo turístico de
Porteirinha e que era bastante cobrado pela população, mas outras estradas
também já vem sendo recuperadas.
Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura,
a criação de sede própria para a Secretaria de Agricultura visou também melhor
atendimento ao público, com equipe para elaboração de projetos e assessoria ao
povo do campo.
Para o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais, Elton Mendes Barbosa, o Mercado Municipal de Porteirinha é um local de
tradição, onde as pessoas se encontram e fortalecem o modo de viver e produzir.
“A zona rural de Porteirinha tem 4.500
agricultores, que de uma maneira ou outra sempre estão no mercado, vendendo ou
comprando. A própria Prefeitura voltou a comprar, de forma direta, parte da
merenda escolar junto aos produtores rurais para fortalecer e investir no
campo, oferece transporte de ida e volta para o Mercado e possui 12 patrulhas
mecanizadas que se alternam entre os produtores. Mas para o número de
agricultores que temos, teriam que ser umas 50 patrulhas. A água e o período de
estiagem também preocupam, queremos ações para enfrentar a seca. Estamos
lutando juntos para conseguir vencer barreiras”.
O fortalecimento e estruturação do produtor passa
também pelo trabalho do Sindicato. Demétrio Lopes já plantava para sustento e
comercialização há 14 anos, mas há quatro se tornou profissional com as
capacitações da instituição.
“Eu aprendi a hora e o modo certo de plantar cada
coisa, isso diminuiu os prejuízos demais. Em meio hectare irrigado, planto
coentro, beterraba, cenoura, mandioquinha e muito mais, não dou conta sozinho,
minha esposa Lió me ajuda. Mas o melhor é vir vender no Mercado, onde
encontramos muita gente e conseguimos dinheiro pra nos sustentar. Aqui tem
espaço para todo mundo”, afirma.
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