terça-feira, 22 de outubro de 2013

PREFEITURAS DA REGIÃO AMEAÇAM FECHAR

  

  A oscilação no repasse de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) tem tirado o sono dos atuais gestores do Norte de Minas. Sem um valor mensal definido, os prefeitos reclamam que não tem como planejar as administrações. Em busca de uma solução para este impasse que vem ocorrendo desde o início do mandato, em janeiro deste ano, a Associações dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amams) reúne os filiados da sua área de atuação nesta terça-feira, às 14 horas, no auditório Deputado Aécio Cunha.

  O presidente da AMAMS e prefeito de Mirabela, Carlúcio Mendes Leite, diz que além da inconstância nos valores dos repasses do FPM, os prefeitos ainda estão enfrentando as retenções por conta de dívidas deixadas pelos seus antecessores relacionados ao INSS.

  Cidades como Porteirinha, com índice 1.6 e uma população de 37.627, no dia 10/10 recebeu R$ 623.162.77 de repasse do FPM, teve um bloqueio de R$ 546.063,56 para pagar débito com o INSS, sobrando apenas R$ 77.099,21 para quitar a folha do funcionalismo público e Câmara dos Vereadores. No mesmo período, em Gameleira, que tem uma população de 5.139 e indicador é 0.6, o valor do repasse do Fundo foi de 207.720,93 e a retenção do INSS foi de R$ 200.155,96, restou apenas R$ 7.564,97. Em Capitão Enéas, índice 1.0, com uma população de 14 206, a situação foi ainda pior, recebeu R$ 346.201,54 e teve retido R$ 346.201,54. Ou seja, o que entrou saiu para pagar os débitos com o INSS.

   Essas são apenas algumas de muitas prefeituras da região que estão sofrendo com esses resgates e que estão deixando os gestores públicos preocupados já que a maioria dos municípios do Grande Norte além de serem os maiores empregadores sobrevivem quase que exclusivamente dos recursos oriundos do FPM.

  “Não estamos nos negando em pagar os débitos com o INSS, apesar de acharmos que eles deveriam ser pagos dentro da gestão de cada prefeito e não ficar como herança para os seus sucessores. Estamos nos mobilizando para cobrar do Governo Federal que seja sensível e confira a atual realidade dos municípios brasileiros, para em seguida buscar alternativas de como devem ser feitos os pagamentos desses débitos. Só não pode ser é da maneira que vem ocorrendo, com resgates sem que os prefeitos fiquem sabendo quanto e como serão, comprometendo sistematicamente as finanças e os planejamentos – se é que se pode planejar alguma administração municipal com esses constantes e imprevisíveis resgates do Governo Federal”, ressaltou Carlúcio Mendes.

   Até o momento, cerca de 78 prefeitos dos 93 do Grande Norte já confirmaram presença na reunião desta terça-feira, na Amams. A classe vai definir nesta reunião quais serão as estratégias que adotarão para chamar a atenção do Governo Federal, entre elas estão a paralisação, cortes nas folhas de funcionalismo, cancelamento de festas tradicionais, redução no horário de funcionamento das prefeituras e carreata pelas ruas de Montes Claros.

  A Amams se junta a Associação Mineira de Municípios (AMM) e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em defesa de que as dívidas previdenciárias dos municípios atualmente não levem em consideração os créditos oriundos de pagamento de contribuição previdenciária, em relação aos mandatos eletivos em período que esta contribuição foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (TSF) e a Súmula Vinculante n.º 8 desta Corte, que diminuiu o prazo de prescrição para a cobrança das contribuições pela Receita Federal, por exemplo.